Este é o primeiro módulo científico brasileiro no interior do continente antártico, pois o país possui apenas uma base na região da península.
Cientistas brasileiros inauguraram o primeiro módulo nacional no interior da Antártica, o Criosfera 1, em cerimônia realizada nesta quinta-feira (12) no acampamento avançado. Após quase um mês no continente gelado - o grupo chegou na Antártica em 17 de dezembro de 2011 -, enfrentando sensações térmicas de até 42°C negativos, o trabalho de instalação de todos os equipamentos internos e externos do módulo foi concluído com sucesso. As primeiras transmissões de dados meteorológicos, em fase de teste, foram enviadas via satélite na última semana para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Este é o primeiro módulo científico brasileiro no interior do continente antártico, pois o país possui apenas uma base na região da península. Toda a infraestrutura do Criosfera 1 foi desenvolvida, integrada e testada no Inpe. O módulo tem uma estrutura de 6,30 m de comprimento, 2,60 m de largura e 2,5 m de altura, resultando em um peso total de 3,5 mil quilos. Ele fica a 1,5 m do solo para evitar o acúmulo de neve ao redor e permitir a passagem do vento. Com o envio diário por satélite dos dados meteorológicos coletados a intenção é obter análise sobre os reflexos dos poluentes gerados na América do Sul e outras partes do mundo no continente antártico.
O grupo é composto pelos dez cientistas que estão na região junto ao módulo (84°S, 79°29"39"W) e mais sete que ficaram realizando trabalhos no chamado acampamento base, localizado na região da Geleira Union (79°46"S, 82°50"W). Participam pesquisadores e técnicos do Inpe e das universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Entre as principais atividades científicas estão: a perfuração das camadas de gelo sobre o continente antártico do acampamento avançado, a fim de obter os testemunhos que revelam a história da composição atmosférica do planeta (cilindros de gelo com cerca de 7 cm de diâmetro e 80 cm de comprimento); a montagem e ativação do módulo Criosfera 1, que ficará funcionando de forma autônoma e enviando dados meteorológicos durante todo o ano, e o levantamento da morfologia e dinâmica das massas de gelo da Geleira Union e como elas respondem às variações ambientais.
Pelas condições meteorológicas e agenda de trabalho, os cientistas adiaram seu retorno do acampamento avançado, que deve ocorrer entre 19 e 22 de janeiro, e devem chegar a Punta Arenas, no Chile, apenas pelo dia 24 do mesmo mês.
Sustentável - Um marco para o Programa Antártico Brasileiro, a inauguração do módulo evidencia o pioneirismo das instituições de pesquisa nacionais. O Criosfera 1 será o primeiro do tipo instalado no interior antártico a funcionar 24 horas por dia, sem a necessidade de acompanhamento humano em suas operações. Também é sustentável, pois possui painéis solares e geradores eólicos ao invés de utilizar combustível fóssil para seu funcionamento.
Ao retornarem da expedição, os cientistas brasileiros deixarão equipamentos automáticos de monitoração meteorológica, medida de dióxido de carbono e também de amostragem de particulados atmosféricos, que continuarão em operação durante todo ano de 2012 e seu funcionamento, assim como dos sistemas de energia, serão acompanhados por meio de comunicação por satélite.
Os resultados obtidos no módulo autônomo irão se somar às pesquisas realizadas na Estação Antártica Brasileira de Comandante Ferraz, localizada na latitude 62° S, na borda do continente. Ao lado de outras instituições brasileiras, o Inpe realiza pesquisas na região há mais de 25 anos. Seus estudos na Antártica enfocam a dinâmica da atmosfera, a camada de ozônio, meteorologia, gases do efeito estufa, a radiação ultravioleta, o transporte de poluição, oceanografia e interação oceano-atmosfera.
Fonte: EcoAgência
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