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De empresários a catadores todos querem uma solução para os resíduos sólidos

Em dois dias de intensos debates na 2ª Audiência Pública realizada na região Sul sobre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, representantes da sociedade civil, dos catadores e dos empresários do setor discutem cada proposta do documento-base, elaborado pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA e fundamentado no diagnóstico da atual situação dos resíduos sólidos no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em Curitiba (PR), o grupo que trata sobre resíduos sólidos urbanos e inclusão dos Catadores de Materiais Recicláveis reflete o grande interesse dos participantes pelos temas apresentados.

Todos querem aprofundar informações sobre temas como logística reversa, responsabilidade compartilhada, sobre o fim dos lixões previsto para 2014, sobre os aterros sanitários, reciclagem, novas tecnologias, educação ambiental e resíduos perigosos. Os debates ampliam divergências, mas também aproximam visões de mundo antes antagônicas. Os catadores, por exemplo, reivindicam ações governamentais para que o processo de inclusão seja mais rápido. Os empresários esperam a entrada no mercado de novas tecnologias que possam garantir uma maior eficiência aos negócios.

O catador gaúcho, de Novo Hamburgo, Podalírio de Souza, na atividade há 18 anos, quer que o Governo olhe mais pelo setor. Segundo ele, no momento, as ações pró-catador estão meio lentas. “Há dois anos, a gente teve um grande salto. O pessoal da minha cooperativa, por exemplo, passou de uma renda de cerca de R$ 200 por mês para R$ 1.600?.

Podalírio afirma que a vida dos catadores melhorou depois da veiculação da campanha “Separe o lixo e acerte na lata”. Para ele, também é muito importante o Governo Federal propiciar o debate sobre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. “Acredito muito nessa iniciativa. Estou aqui representando meus companheiros da cooperativa. Tudo que eu aprender aqui vou repassar a todos”, disse.

O gestor Cláudio Caneshi, representante da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Santa Catarina, acredita que a audiência é muito válida porque é uma oportunidade de uma intensa troca de ideias. De acordo com ele, o tema resíduos sólidos vem mexendo muito com a população brasileira, despertando um interesse incomum entre as pessoas. “Por isso, o Governo tem que tomar providências para propor ações para o setor”.

O secretário de Meio Ambiente de Candiota, município localizado na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, Haroldo Quintana, diz que está participando do processo das audiências públicas porque busca informações com relação aos aterros sanitários, principalmente no que diz respeito ao financiamento para a construção de centros de triagem. Ele também acredita que o momento é essencial para a troca de informações entre Governo e sociedade. “Agora, as pessoas estão começando a ter conhecimento sobre as questões do meio ambiente. As informações estão se expandindo Hoje, todo mundo discute sobre resíduos”.

Quintana quer que o Governo Federal explique porque os aterros privados dão certo e os aterros públicos acabam se transformando em lixões. Ele sabe que a resposta está na forma de gestão do empreendimento, mas espera uma posição dos governantes. Ele também sugere a criação da figura dos agentes ambientais nos municípios com menos de 20 mil habitantes, onde não existe a figura do catador.

O empresário Rubens Maluf Dabul, do Instituto Sociambiental Brasil, de Curitiba, acha a iniciativa das audiências excelente. Ele, no entanto, acredita que os principais atores do setor (empresariado) não sabem o que estão sendo debatidos no evento. “A preocupação maior é relativa às novas tecnologias que estão entrando no mercado”, disse. Ele, no entanto, diz que a solução para os problemas dos resíduos está neste tipo de iniciativa.

Fonte: Suelene Gusmão/ MMA