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Secretaria da Saúde do Paraná investiga surto de águas-vivas no Litoral

A Secretaria de Estado da Saúde está aprofundando as investigações sobre o surto de acidentes com águas-vivas que ocorre no Litoral do Paraná neste verão. Uma equipe do Departamento de Vigilância em Saúde começou a coletar amostras de animais para análise, identificação e determinação do nível de gravidade da situação.

O trabalho conta com o apoio das secretarias municipais de saúde do Litoral e também do Corpo de Bombeiros, que até esta terça-feira (24) havia registrado 6.150 casos. Por conta disso, os Bombeiros impediram a realização de uma prova de natação e interditaram um trecho da praia central, em Guaratuba, no domingo.

“A interdição é uma medida pontual, que os guarda-vidas podem adotar excepcionalmente, quando o número de casos é muito grande em um local específico. Em Guaratuba, o problema é que havia caravelas, que são animais com maior poder tóxico e que provocam acidentes mais graves”, explicou o tenente-coronel Edmilson Barros, do Corpo de Bombeiros.

De acordo com a médica Lenora Rodrigo, que está avaliando os pacientes atendidos nos hospitais, os registros mostram que a grande maioria dos casos verificados até o momento é de lesões leves. “A maioria dos casos é de acidentes leves e a ardência provocada pelo contato com o animal é resolvida na praia mesmo, com o apoio dos guarda-vidas, que estão preparados para atender”, disse ela.

Segundo a médica, em geral apenas pessoas mais sensíveis, ou alérgicas, crianças e idosos podem ter reações mais graves de pele, chegando a provocar quadros como náuseas, vômitos, tremores, tosse e dores musculares. “De qualquer forma, é importante que as pessoas procurem o serviço hospitalar após um acidente com águas vivas, para avaliação de um médico”, afirma Lenora.

Este foi o caso do menino Lucas Veríssimo, de 5 anos. Ele tocou uma água-viva com o pé esquerdo, quando saía da água, e foi levado ao Centro de Recuperação de Afogados, instalado pela Secretaria da Saúde no Hospital Nossa Senhora de Navegantes, em Matinhos. Desde o início da operação verão foram atendidos 160 casos de acidentes com águas-vivas nesta unidade.

O biólogo Emanuel Marques, que acompanha o trabalho de coleta de águas-vivas no Litoral, disse que está em contato com especialistas da Universidade Estadual Paulista e do Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná, a fim de identificar as espécies de animais que estão ocorrendo em maior número no litoral paranaense, verificar a gravidade dos casos e traçar uma estratégia de ação.

Até o momento, as espécies mais comuns identificadas durante a captura foram a Olindias sambaquiensis, que é endêmica do litoral paranaense, a Chrysaora lactea, e a Physalia physallis (caravela). Por enquanto não é possível afirmar qual é o motivo da presença de um número tão grande inesperado desses animais na região.

De acordo com o biólogo, há registros de casos semelhantes desse fenômeno em outras partes do mundo, como no Japão, no golfo do México e no Mar Mediterrâneo. Correntes marinhas, ventos, desequilíbrio ambiental e fenônemos como o La Niña, entre outros, podem estar entre os fatores causadores.

Fonte: Agência Estadual de Notícias