A Sanepar é a principal fonte de recursos do Projeto Oásis, que remunera proprietários rurais pela preservação de nascentes de água na região de Apucarana. Na última sexta-feira (27), 56 produtores que se cadastraram em 2011 receberam, pela primeira vez, o pagamento pelos serviços ambientais prestados na conversação de matas ciliares e reservas legais. Atualmente, 184 propriedades estão cadastradas e 613 nascentes nas bacias do Pirapó, Tibagi e Ivaí já foram recuperadas. Coordenado há três anos pela Prefeitura de Apucarana, o Projeto Oásis tem como parceiros a Sanepar, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Sindicato Rural Patronal de Apucarana, Conselho Municipal de Meio Ambiente de Apucarana, Emater, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros. Mensalmente, a Sanepar repassa 1% do que arrecada no município ao Fundo de Meio Ambiente de Apucarana – que, por sua vez, encaminha os recursos ao projeto. Devido aos bons resultados obtidos pelo Projeto Oásis, a Agência Nacional das Águas (ANA) vai repassar R$ 500 mil para incrementar as atividades. Já a Fundação Banco do Brasil classificou o Oásis como um dos 50 melhores projetos ambientais do Brasil, por meio do Prêmio Tecnologia Social. Os recursos da ANA devem ser utilizados na conservação de solos e revitalização de áreas na bacia do rio Pirapó, manancial de abastecimento da cidade. RECONHECIMENTO – “Os produtores rurais fazem parte do único setor capaz de salvar o planeta”, diz o gerente de Usos Sustentáveis da Água e do Solo da agência, Devanir Garcia dos Santos. “A sociedade urbana precisa reconhecer este serviço e lembrar, ao abrir as torneiras das suas casas, que depende de produtores rurais que abriram mão da renda para preservar matas e nascentes”, completa. O secretário municipal de Meio Ambiente e Turismo, João Batista Beltrame, considera que o repasse mensal aos produtores cadastrados é um prêmio pelos serviços prestados ao meio ambiente. Apucarana é uma das poucas cidades brasileiras que pertence a três bacias: Pirapó, que abastece Apucarana e Maringá, Tibagi, que serve Londrina, e Ivaí, maior rio do Paraná. O custo mensal para o projeto, a partir deste mês, será de cerca de R$ 32 mil, sendo a menor remuneração paga de R$ 93,80 e a maior, de R$ 578,20. O gerente regional da Sanepar em Apucarana, Nelson Mardegan, destaca a parceria da empresa desde o início do Oásis e os ganhos sobre a qualidade e quantidade da água além das fronteiras do município. “É, sem dúvida, um projeto que traz resultados para o saneamento, para a saúde da população”. Segundo o presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Edson Denobi, entre 2010 e 2011, já foram repassados pelo fundo municipal R$ 413.070,16 para serem investidos no Projeto Oásis. “Este é o maior projeto de produção de água do Brasil em número de participantes. Sabemos que tudo depende da água e temos feito um bom trabalho na preservação dos mananciais de Apucarana”, afirma. EXEMPLOS – Mauro Luciano e a filha Isabelle receberam o primeiro pagamento do Oásis. Ele é proprietário da Chácara Três Irmãos, na bacia do Pirapó, e tem uma granja de frangos. Luciano conta que a área de 3,5 hectares tem uma mina muito bem cuidada. “Faz três anos que cerquei o entorno para não deixar as vacas comerem a vegetação. Planteis centenas de árvores e já vejo a diferença. Vou plantar mais 100 mudas nativas”, diz. Moacyr Pedersoli, de 72 anos, foi um dos primeiros a se cadastrar no Projeto Oásis, em 2009. Ele conta que herdou do pai a vontade de cuidar e viver da terra. A propriedade dele, somada com a parte dos outros oito irmãos, tem 15 hectares, onde são produzidos soja, milho e café. “Eu vejo a irresponsabilidade de alguns, vejo erosão acabando com a terra e minas abandonadas pelos proprietários serem aterradas. Nós sempre cuidamos da mata e a nossa mina já serviu os vizinhos”, comentou. Valdevino Bertoli é proprietário do Sítio São Bento, na comunidade Rio do Cerne, e aderiu ao Oásis em 2010. A propriedade, que pertence à bacia do Rio Tibagi, tem 64 hectares, sendo sete deles de reserva legal. “Legalizei tudo, averbei a reserva permanente ao redor da minha mina, fiz cerca para proteger a mata ciliar e plantei 500 mudas nativas. A gente vê claramente os benefícios ao criar a floresta. Antes quando fazia estiagem de uns 60 dias, era complicado. Agora pode fazer sol, que sobra água na caixa”, conta.
Fonte: Agência Estadual de Notícias
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