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Grupo de países lança plano para cortar poluentes

EUA, Bangladesh, Canadá, Gana, México e Suíça pretendem iniciar projeto para reduzir emissões de carbono negro, metano e hidrofluorcarbonos, visando à diminuição das mudanças climáticas e problemas de saúde em curto prazo

Quando se trata de cortar os causadores das mudanças climáticas, geralmente discute-se a redução das emissões de dióxido de carbono, mas pouco se fala em diminuir a liberação de outros elementos que contribuem para o fenômeno. Pensando nisso, um grupo de cinco países apresenta nesta quinta-feira (16) um projeto para mitigar as emissões de outros poluentes que causam o aquecimento global.

O plano, que será lançado pela secretária de estado dos EUA Hillary Clinton juntamente com representantes de Bangladesh, Canadá, Gana, México e Suíça, visa à redução das emissões de carbono negro, metano e hidrofluorcarbonos, elementos que, apesar de durarem menos na atmosfera, tem um potencial de armazenamento de calor muito maior do que o do CO2, o que faz com que eles tenham um efeito mais instantâneo no aquecimento da atmosfera.

Combinados, estes elementos são responsáveis por entre 30% e 40% do aquecimento global, além de estarem ligados à disseminação de problemas de saúde. Estudos recentes indicam que a mitigação desses elementos em escala mundial poderia reduzir as temperaturas globais em cerca de 0,5 graus Celsius até 2050, além de evitar milhares de casos de doenças relacionadas ao pulmão e ao coração até 2030.

“[O programa] está na categoria de ganho duplo – bom para o clima ao mesmo tempo em que é bom para a saúde, para a produção de alimentos e para a energia”, comentou Todd Stern, enviado especial do Departamento de Estado norte-americano para mudanças climáticas.

“A ciência é bem clara quando diz que a única forma de desacelerar o aquecimento em curto prazo é reduzir as emissões dos chamados poluentes de curta duração climática”, observou Erika Rosenthal, do grupo de defesa Earthjustice. “Isso não é uma panaceia, mas representa uma oportunidade de um progresso bipartidário e de resultados em curto prazo na frente climática”, acrescentou Paul Bledsoe, do Centro Político Bipartidário.

Para colocar o plano em prática, os EUA doarão US$ 12 milhões nos próximos dois anos, e o Canadá, US$ 3 milhões. Os valores doados pelos outros países não foram divulgados. O projeto será administrado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

A iniciativa, no entanto, não terá metas de redução. Em vez disso, financiará projetos educacionais e esforços público-privados para diminuir as emissões. “Não é uma negociação sobre quem faz quais metas, mas uma parceria voluntária que visa à produção de resultados tangíveis em um período relativamente curto de tempo”, declarou Stern.

Para reduzir a liberação de carbono negro na atmosfera, o projeto, intitulado Coalizão do Clima e do Ar Limpo para Reduzir Poluentes Climáticos de Curta Duração, promoverá a instalação de filtros em motores a diesel, a troca de fogões tradicionais por modelos mais eficientes, a modernização de olarias e a proibição de queimas de resíduos agrícolas a céu aberto.

Já para evitar a emissão de metano e hidrofluorcarbonos, o projeto estimulará a captura do elemento em poços de petróleo e gás, em minas de carvão, em aterros, em estações de tratamento de águas residuais, em arrozais e o controle de vazamentos em tubulações.

“De um ponto de vista político, o que é realmente interessante sobre essas medidas é que muitos dos benefícios são sentidos por aqueles que realmente tomam a atitude. Se você reduzir essas emissões no mundo em desenvolvimento, é o mundo em desenvolvimento que terá a maioria dos benefícios, estabilizando as chuvas e melhorando a saúde pública”, analisou Drew Shindell, cientista climático do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA.

Para Durwood Zaelke, presidente do Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável (IGSD), se essa ação for expandida para outros países, ela poderá ter mais impacto no clima do que as negociações climáticas da ONU, pelo menos em curto prazo.

“Essa é uma declaração formal de que estamos abrindo uma segunda frente na guerra climática. Isso mostra que há muitas estratégias para lidar com diferentes áreas das mudanças climáticas”, afirmou Zaelke.

No entanto, o presidente do IGSD ressalta que o programa não pretende substituir as medidas das Nações Unidas para combater as mudanças climáticas, e sim complementá-las. “Seríamos tolos se contássemos com a UNFCCC para nossa salvação, embora eu desejasse isso. Isso é um complemento, não um substituto”, concluiu.


Autor: Jéssica Lipinski   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais